Posted by: africanpressorganization | 4 September 2013

A Promessa de saúde electrónica na Região Africana


 

A Promessa de saúde electrónica na Região Africana

 

BRAZZAVILLE, Republic of the Congo, September 4, 2013/African Press Organization (APO)/ Muitos pacientes africanos que várias vezes vão a um hospital ou consultam os seus médicos provavelmente já tiveram pelo menos uma experiência semelhante: normalmente vêem o seu médico ou o pessoal do hospital a vasculhar pilhas de ficheiros antigos à procura de notas manuscritas dos seus registos médicos. Os pacientes terão muita sorte se os seus ficheiros forem encontrados com todas as informações.

 

Esta antiga prática de décadas deve continuar nesta era da informação?

 

“Não”, diz o Dr Derege Kebede, chefe do Observatório Africano da Saúde (OAS) e da Unidade de Gestão de Conhecimentos do Escritório Regional Africano da OMS (WHO/AFRO) em Brazzaville, Congo. ” Já existe uma solução: saúde electrónica ou eSaúde – os países e as pessoas na nossa região devem adoptar, promover e intensificar a utilização da eSaúde.”

 

O que é a eSaúde?

 

A OMS define eSaúde como ” a utilização segura e económica das tecnologias da informação e comunicação (TIC) para questões de saúde e a ela ligadas”. A melhoria das infra-estruturas de informação e de telecomunicações e a crescente consciencialização sobre a utilidade de meios de comunicação rápidos estão a pouco e pouco a transformar a África numa parte da aldeia global.

 

Nos últimos anos, a área da eSaúde emergiu na região, começando com o rápido aumento do telefone móvel em África. Na verdade, prevê-se que África, nos próximos anos, terá mais telemóveis que a sua actual população de cerca de mil milhões de pessoas.

 

Outros instrumentos como computadores e monitores de doentes, entre vários, estão a juntar-se ao telemóvel para tornar a área da eSaúde ainda mais atraente para o futuro da prestação de cuidados de saúde na região.

 

Utilização de telemóveis – resultados impressionantes

 

A nova onda de tecnologia móvel está a mudar consideravelmente a forma como são prestados os cuidados de saúde, tanto nas comunidades urbanas como rurais. Da Argélia,no Norte de África, à Cidade do Cabo na África do Sul, estão disponíveis telemóveis simples mas eficazes que estão sendo utilizados para melhorar os resultados da saúde.

 

Os Governos em toda a região, com o apoio da OMS e outros parceiros, estão a integrar os telemóveis numa série de aplicações promissoras: promoção da adesão ao tratamento da TB; comunicação de resultados de testes e monitorização da situação dos doentes; seguimento da prevenção da malária e esforços de controlo, incluindo a circulação de produtos para a malária; divulgação de mensagens de mudança de comportamento para aumentar a consciencialização e reforçar comportamentos saudáveis. Cada vez mais, o apoio da gravidez via telemóvel é utilizado no aconselhamento das mulheres durante a gravidez, na monitorização de gravidezes e na prestação de informações e actualizações importantes. .

 

Mas a eSaúde vai para além da utilização de dispositivos móveis como os telemóveis para partilhar informações.

 

“Os países da Região estão a iniciar, a adaptar e a fazer progressos louváveis em aplicações mais avançadas de soluções de eSaúde”, afirma o Dr. Kebede. .

 

Exemplos de alguns países servem para ilustrar os progressos registados geralmente na área da eSaúde (nomeadamente saúde móvel ou mSaúde) e apresentam perspectivas para o futuro. No Ruanda, um país pioneiro, a TRACnet, uma aplicação em linha acessível tanto nos telemóveis como nos computadores, mostra os dados e os indicadores do governo sobre o VIH no terreno. Assim, dá ao utilizador uma ideia geral do estado, do número de doentes e dos níveis de fornecimento de medicamentos de todos os programas de VIH/SIDA no Ruanda.

 

O Quénia, conhecido pela sua liderança na transferência de dinheiro via telemóvel, tem agora um sistema que permite aos residentes, com um telemóvel, descarregar uma aplicação desenvolvida localmente que lhes permite determinar se um médico ou uma clínica são genuínos. Enviando apenas um SMS, é apresentado ao utilizador listas actualizadas de profissionais de saúde licenciados e hospitais aprovados, a começar por aqueles que lhe ficam mais próximos. No Uganda, uma solução eSaúde, mTrack, permite seguir os aprovisionamentos de clínicas no país em que 131 hospitais servem quase 36 milhões de pessoas. As informações reunidas através de m-Track são codificadas e mostram aos funcionários da saúde o que está a acontecer em tempo real. Anteriormente, esta informação estava disponível só no papel.

 

A Zâmbia recentemente criou SmartCare, um sistema electrónico de registo de dados de saúde que armazena os dados pessoais num cartão de bolso de plástico. Na África do Sul, a HealthID, uma aplicação electrónica de registo de dados de saúde permite o armazenamento, num local, de informações clínicas valiosas, nomeadamente os dados do paciente, detalhes do seu médico anterior e hospitais visitados, medicamentos anteriormente prescritos, resultados de análises de sangue e medidas de tensão arterial. O projecto IKON de eSaúde no Mali permite aos postos de saúde rurais enviar scans e raios x a especialistas para análise através de ligações TIC. Em seguida, estes especialistas são capazes de aconselhar os médicos nos centros de saúde recônditos sobre os tratamentos a serem ministrados. Em Moçambique, mensagens educativas via SMS enviadas a seropositivas, nomeadamente grávidas seropositivas, ajudam a melhorar a adesão ao tratamento e prevenção da transmissão do VIH de mãe para filho.

 

A nível regional, o Observatório Africano de Saúde da OMS/AFRO apoia as iniciativas regionais e locais a reforçar os sistemas de saúde através das suas operações e de uma rede de observatórios nacionais de saúde. O OAS é uma plataforma de colaboração aberta que apoia e facilita a aquisição, a produção, a divulgação e a tradução e utilização de informações, provas e conhecimentos dos países para melhorar os sistemas e os resultados nacionais de saúde.

 

Outras iniciativas regionais de eSaúde incluem a Rede de Telemedicina dos Países Africanos Francófonos (que irá facilitar intercâmbios, aprendizagem e educação contínua dos profissionais de saúde nas regiões recônditas) e a rede ePORTUGUÊS, uma plataforma para apoiar a valorização dos recursos humanos da saúde nos países lusófonos.

 

Os sectores da banca e das finanças exploraram extensivamente as TIC para melhorar a prestação de serviços. Este é um exemplo claro de que os cuidados de saúde irão ser muito melhorados através da utilização das TIC. Há um consenso na modesta mas crescente literatura na área emergente de eSaúde sobre os benefícios das suas aplicações – para pacientes, trabalhadores da saúde, governos e sistemas de saúde.

 

Tudo isso vai desde a melhoria do acesso aos conselhos de saúde até à melhoria da qualidade de cuidados através de consultas à distância e telemedicina e melhoria da vigilância das doenças. Torna igualmente possível aos decisores reunir e analisar dados retrospectivamente e em tempo real, permitindo assim a afectação eficiente de parcos recursos.

 

Sejam quais forem os desafios, eSaúde está a provar ser um Salvador de vidas na Região Africana. E como diz o Dr. Kebede, “os países e as pessoas na nossa região devem adoptar, promover e intensificar” a sua utilização.

 

SOURCE 

World Health Organization (WHO)


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